25
nov
2015

Gravação que motivou prisão do senador Delcídio, cita a influência de Sarney no STF

Delcídio do Amaral é o primeiro senador preso no exercício do cargo, desde a redemocratização do País. Apesar de o STF já ter autorizado a prisão de Delcídio, o Senado ainda precisa confirmar a prisão do senador, em até 24 horas, pelo voto da maioria de seus membros.

A 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) confirmou, em reunião extraordinária na manhã desta quarta-feira (25), a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), acusado pelo Ministério Público Federal de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.

A prisão de Delcídio, realizada na manhã de hoje, foi ordenada pelo ministro Teori Zavascki, o que levou o caso à 2ª Turma para a análise dos demais ministros. A decisão de confirmar a prisão foi unânime. Votaram a favor da medida determinada por Teori os ministros Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli.

A decisão do STF será remetida ao Senado, a quem cabe decidir pela manutenção da prisão. De acordo com a Constituição Federal, deputados federais e senadores não podem ser presos, a não ser em flagrante de crime inafiançável.

José Sarney

Uma gravação com 1 hora e 35 minutos, ocorrido no dia 4 de novembro em um quarto do hotel Royal Tulip, em Brasília, revela como o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral ofereceu R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

No diálogo o petista também propôs ao filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, que, se o ex-diretor realmente optasse por um acordo com os procuradores da República, ele não o citasse.

O documento do MPF, já disponível na internet, afirma que Delcídio “prometeu movimentar-se politicamente para ajudar Nestor Cerveró e sugeriu que a família também procurasse Renan Calheiros e José Sarney.

Em outro trecho da gravação, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, pergunta se Delcídio pode pedir ao ex-senador José Sarney (PMDB-AP) que interceda junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que livre seu cliente da prisão.

Trecho em que Delcídio fala sobre a influência no Supremo e cita ministros como Dias Toffoli, Edson Fachin e Gilmar Mendes:

Delcídio: Agora, Edson e Bernardo, eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora. Eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli. Pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar [Mendes], o Michel [Temer] conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o [Jorge] Zelada E eu vou conversar com o Gilmar também.

Edson: Tá…

Delcídio: Porque o Gilmar, ele oscila muito. Uma hora ele tá bem, outra hora ele tá ruim, e eu sou um dos poucos caras…

Edson: Quem seria a melhor pessoa pra falar com ele? Renan [Calheiros], ou [José] Sarney?

Delcídio: Quem?

Edson: Falar com o Gilmar.

Delcídio: Com o Gilmar, não. Eu acho que o Renan conversaria bem com ele.

Edson: Eu também acho, o Renan. É preocupante a situação do Renan…

Delcídio: Eu acho que.. Mas por quê? Tem mais coisas do Renan? Não tem…

Leia e ouça a íntegra da conversa que levou o senador Delcídio à prisão no portal G1

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