O ex-senador Edison Lobão (MDB) tem batido todos os recordes de participação de envolvimento em supostos crimes de propina e caixa dois no âmbito da Operação Lava-Jato. Colecionador de denúncias no bojo da Operação o emedebista aliado histórico da família Sarney está prestes a seguir o mesmo caminho do ex-presidente Michel Temer. Confira abaixo a relação dos inquéritos na Justiça contra o ex-senador.
1 (Ilhas Cayman) – A Procuradoria-Geral da República solicitou ao Supremo Tribunal Federal que envie à primeira instância o inquérito que apura se o senador Edson Lobão (MDB) é sócio-oculto de uma empresa mantida nas Ilhas Cayman. No pedido enviado ao ministro Luís Roberto Barroso, a PGR alega que os crimes foram cometidos antes do mandato parlamentar e solicita que o caso seja enviado à 10ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializada em lavagem de dinheiro. Segundo a PGR, a entrada do político neste tipo de negociata teria ocorrido por causa da atuação dele como ministro de Minas e Energia, entre 2011 e 2015, para obter vantagens ilícitas por meio da captação de recursos junto a fundos de investimentos controlados pelo governo. Um relatório feito no ano passado (2017) revelou diversas reuniões feitas pelo senador, envolvendo a empresa Diamond.
2 (Belo Monte)- Relatório da Polícia Federal aponta indícios de que Lobão foi beneficiado com desvios na obra da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA). Investigado em inquérito da Lava Jato no STF, os agentes apontam suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por parte de Lobão e do senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Também há indícios dos mesmos crimes por parte do filho de Lobão, Márcio Lobão, que teria atuado como operador da propina. Ex-diretor da Andrade Gutierrez disse em delação, que Lobão pediu R$ 500 mil em propina. Metade do dinheiro foi entregue, mas Márcio Lobão teria reclamado que “faltavam R$ 10 mil” do montante.
3 (Postalis) – A Polícia Federal deflagrou em fevereiro deste ano ação para esclarecer suposta atuação de uma organização criminosa especializada no desvio de recursos previdenciários do Postalis (Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos), fundo de pensão dos funcionários dos Correios. Segundo a Polícia Federal, a má gestão dos recursos e os desvios investigados, gerou déficit de aproximadamente R$ 6 bilhões. A operação pode atingir em cheio o ex-presidente do Postalis, Alexej Predtechensky, indicado para o cargo por Edison Lobão. A operação Lava Jato já teve, em uma de suas fases, como um dos alvos Márcio Lobão, filho do senador, que foi sócio de Alexej entre 1994 e 2009, numa loja de revenda de carros: a Prestige Auto Importadora de Carros Ltda. O estabelecimento funcionava em Brasília.
4 ( Sérgio Machado) – O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em seu acordo de delação premiada que foi pressionado a pagar a “maior propina do PMDB” ao então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Segundo Machado, a exigência foi feita por Lobão por causa da condição de ministro e porque a Transpetro estava vinculada ao ministério que ele comandava. Em relação a Edison Lobão, Machado afirmou que, “na qualidade de Ministro, [Lobão] queria receber a maior propina mensal paga aos membros do PMDB”. Segundo o delator, Lobão pediu R$ 500 mil por mês, mas Machado disse que só tinha condições de pagar R$ 300 mil.
(Receber propina no Rio) – O ex-ministro orientou, segundo o delator, a forma, o local e o destinatário do dinheiro desviado de contratos da Transpetro. “Que Lobão disse ao depoente que queria receber esse recurso em dinheiro e no Rio de Janeiro, frisando que só poderia ser no Rio de Janeiro e que o elo era seu filho, Márcio Lobão”, diz trecho da delação. Ao todo, segundo o delator, o ex-ministro Edison Lobão recebeu R$ 24 milhões em propina, dos quais R$ 2,7 milhões foram pagos por meio de doações oficiais da Camargo Corrêa e da Queiroz Galvão em 2010 e em 2012. Machado também disse que as doações, em geral, eram feitas para o diretório nacional do PMDB, e não para o candidato, ou ao diretório do partido no Maranhão, mas sempre “carimbadas”, ou seja, destinadas a Lobão.
5 (Lista da Odebrecht) – O senador Edison Lobão (PMDB-MA) é suspeito de receber R$ 5,5 milhões para interferir em obras do Projeto Madeira. A acusação aparece em inquérito autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A PGR fez o pedido com base nas delações dos ex-executivos da Odebrecht. Segundo depoimento de Henrique Serrano do Prado Valladares, Lobão, que consta na lista da Odebrecht com o apelido de “Esquálido”, recebeu o pagamento em espécie, entregue na casa de seu filho. O dinheiro teria sido entregue para que ele interferisse junto ao governo federal para anulação da adjudicação da obra referente à Usina Hidrelétrica de Jirau.
6 (J&F) – O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou abertura de um inquérito para investigar se houve repasses de cerca de R$ 40 milhões da J&F a políticos do MDB durante a campanha eleitoral de 2014. Relator da Lava Jato no Supremo, Fachin autorizou a abertura do inquérito atendendo a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), apresentado em abril. Nos depoimentos, Sérgio Machado disse ter chegado ao conhecimento dele que a JBS, empresa do grupo J&F, faria doações à bancada do MDB do Senado em 2014 no valor de R$ 40 milhões, a pedido do PT. Ainda de acordo com o delator seriam beneficiados com a doação os senadores o Senador Lobão e mais a cúpula nacional do PMDB.
7 (OAS) – Uma das maiores empreiteiras do país, com contratos bilionários no Brasil e no exterior, a OAS distribuiu entre 2010 e 2014 cerca de R$ 125 milhões em propinas e repasses de caixa dois a pelo menos 21 políticos de oito partidos. Entre eles Edison Lobão, que teria recebido, segundo os executivos da OAS, propina de R$ 2,1 milhões por Belo Monte. Ele nega irregularidades e critica delações sem provas. Além de Lobão, aparecem na delação de recebimento de propina da OAS nomes como o senador Jaques Wagner (PT) e o ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU), além do ex-governador Fernando Pimentel (PT-MG), e do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ). Vários outros teriam recebido caixa dois, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o senador José Serra (PSDB-SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral.
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