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2024
Canopus joga esgoto no manguezal, prefeito Eudes silencia e prejudica catadores de caranguejos e marisqueiros em Raposa
Prefeito de Raposa concedeu todas as licenças necessárias para o empreendimento Village Pôr do Sol, que irá jogar esgoto dentro do manguezal do bairro do Cumbique.

Imagens aérea de parte da tubulação de esgoto da construtora Canopus em direção ao manguezal do bairro do Cumbique em Raposa.
Há dois anos, o cotidiano dos moradores do bairro Cumbique, situado no município de Raposa, na Região Metropolitana de São Luís, tornou-se um verdadeiro desafio. A comunidade se viu praticamente ilhada em suas próprias residências devido a uma enorme cratera que se formou em frente às suas casas.
Conforme reportagem do jornal Imirante, e segundo relatos dos moradores, o pesadelo começou com a construção do condomínio Village Pôr do Sol, de responsabilidade da construtora Canopus.
Quando a empresa começou a colocar os tubos de concretos para instalar um sistema de esgoto na rua, vez uma abertura de um buraco que bloqueou um dos acessos ao bairro.
Desde então, as condições pioraram sempre que chove, com a erosão se agravando, e a água da chuva escorrendo com força pelo canal aberto pela construtora.
“O prejuízo está grande. Nós estamos com o carro na garagem, sem poder sair de casa, há quase dois anos por causa dessas crateras”, diz o pescador Raimundo de Lima.
Ainda segundo os populares, todos os dejetos do Village Pôr do Sol serão jogados direto na vegetação dos manguezais, o que causará prejuízos incalculáveis para catadores de caranguejos e marisqueiros.
– Situação denunciada ao Ministério Público
Vídeos feitos pelos moradores mostram a destruição causada pela água da chuva misturada com o barro, que se transforma em lama e vai sendo arrastado para o bairro, acumulando no mangue, principal fonte de sustento da comunidade, que depende da agricultura familiar e da venda de peixes e mariscos.
A situação se agravou ao ponto de a chuva levar embora o asfalto e bloquear a entrada do mangue, impactando diretamente a vida dos pescadores locais. Diante do caso, os moradores denunciaram a situação ao Ministério Público, buscando uma solução para o problema.
Para conseguirem trabalhar e acessar o porto, a comunidade tem recorrido ao quintal de um morador, mas alertam para os prejuízos causados ao ecossistema do mangue e à sua fonte de renda principal.
“Antigamente, os barcos entravam aqui de maré baixa. Hoje em dia, eles não entram mais, pois a cada chuva que dá piora a situação aqui dos pescadores, porque está cheio de barro. Daqui eu tiro o meu camarão, o meu sururu e o meu caranguejo, e a maioria desses mariscos é que abastece São Luís”, conta o pescador Wilton de Jesus Neves.
Diante de tantos desafios, a população tem se mobilizado para evitar que a situação piore e que o mangue, essencial para sua sobrevivência, seja ainda mais afetado.
– Protesto fechou estrada de Raposa
No último dia 26 de fevereiro, moradores chegaram a fechar a MA 203, estrada de Raposa como forma de chamar atenção das autoridades para solucionar o problema. Contudo, o prefeito Eudes Barros não compareceu ao local e também não mandou representantes.
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